
(Importante destacar que nosso entrevistado prefere escrever seu nome sem acentos. Portanto, manterei a digitação Rogerio Aguas, vocal e guitarra da banda Rock Brasília, dessa forma em toda a matéria)
A Rock Brasília Band vai publicar o release de cada componente do grupo. Rogerio Aguas é o primeiro a ser bisbilhotado pelo blog. Para início de conversa é importante citar a matéria do Jornal de Brasília, 1982, resgatada por Mário Pazcheco em sua obra
10Mil dias de Rock. Nesta há uma foto onde Aguas aparece ao lado de Pazcheco, Sydnei e Ismael por ocasião do segundo aniversário da morte de Jonh Lennon (foto da matéria abaixo), época em que Aguas fazia rock com essa trupe do Guará (cidade satélite do DF). Pouco tempo depois Aguas forma uma banda de rock chamada Calypsu (isso mesmo, com U no final e anos antes da banda baiana Calypso) com o saudoso Dagoberto (futuro Trapos e Farrapos), Edvaldo Galo (do Artigo 153) e Cléber da 15. O grupo ensaiava ao mesmo tempo em que se apresentava na garagem da casa do Rogerio, na QE 15, do Guará II. O público de jovens da Quadra ia p´ra lá, assistia e apoiava. Em meados de 1983 aconteceu a única apresentação séria da banda, no auditório do colégio Centrão, daquela mesma satélite. Em seguida o grupo se dissolveu e Aguas passou a participar de bandas gospels (formadas na sede da Igreja Batista Filadélfia)no período entre 1984-1992. Destacam-se os trabalhos feitos pelos grupos: Jovens Livres de Brasília (formação principal: Aguas, Mozart, Mathias, Héber Arcanjo e Fred); Grupo Canto Livre: Gennerson Góes, Aguas, Mathias, Héber Arcanjo e Iran; finalmente, o Livre Arbítrio (1993-95), tendo esta banda projeção nacional, liderada por André Geléia, gravado na poderosa Gospel Records (de Estevam Hernandez) e performances nos grandes shows promovidos por Estevam, a exemplo dos espetáculos em São Paulo (SOS da Vida, no estádio do Pacaembu e com direito a clips semanais em cadeia nacional, veiculados pela então Rede Manchete). Depois de sair do Livre, em 1995, Aguas promove uma banda de blues, a Stratosfera Blues Band, onde Osvanir e Sames Blues formavam com Aguas o eixo fixo do grupo. Apresentações no DF e entorno, sempre com muito público, os blues brothers desempenharam suas performances até Aguas unir-se a Loro Jones, por ocasião que este fizera show em mesmo espaço que os Stratosferas (no Teatro dos Bancários), quando Loro estava de folga da agenda da banda que liderava, Capital Inicial. Jerusa, irmão de Loro, foi o principal responsável pela promoção daquele show, em dezembro de 2001. No ano seguinte Aguas seria convidado por Loro a formar sua primeira banda pós-Capital, a Palavrão, que logo passaria por diversos outros nomes. Essa parceria entre Aguas e Loro duraria mais de uma década. Em 2008 Aguas finaliza gravação da obra Rock Solidário é Rock Mesmo (foto abaixo), onde aglutinara nobre e respeitado time de artistas, intitulado de Multiverso Paralelo. Dentre outros, Rogerio Aguas, Loro Jones e Murilo Lima (ambos ex-integrantes do Capital Inicial), Giuliano e Carmem Manfredini (filho e irmã de Renato Russo), Alex Podrão (Detrito Federal) e Marcio Baldone (Gospel) emplacaram a obra que levou pela primeira vez os Manfredinis a estúdio profissional de gravação (óbvio que Renato Manfredini Jr., Renato Russo, não estava nessa conta! Mas foi a ele e a seu pai, Renato Manfredini, que esse célebre álbum fôra dedicado). Em respeito ao release desses nomes e de uma demo promovida por Aguas, Roger Waters, do Pink Floyd, autorizou a publicação de Another Brick in the Wall, part II, com arranjos covers e especiais (são duas tracks) e isso quase no mesmo período em que o inglês e ex-líder do Pink negou ao comediante Falcão gravar a mesma obra sob a direção da multinacional, Rádio Transamérica. Prosseguindo no universo musical, Aguas registra tudo e lança o curta Rock Solidário é Rock Mesmo, o Filme, onde todos os documentos dos bastidores das gravações daquele histórico álbum foram exibidos no 42. Festival de Brasília do Cinema Brasileiro. Nesta ocasião, Magu Cartabranca (apresentador de TV e ex-integrante da banda Sepultura) passa a promover o Multiverso e, finalmente, junta-se a Aguas e Loro em ensaios, clips e gravação do curta Cavaleiro do Além, dirigido pelo próprio trio e que também fôra exibido no Festival de Brasília do Cinema Brasileiro, ed. 44. A banda Rock Brasília surge no cenário após Aguas e Loro apresentarem duas edições do programa de Rock, exibido em TV a Cabo da Net, o Left N Right (2012 e 2013 - Flávio Venturini, RPM, Capital Inicial, Xangai e outros foram entrevistados pelos rockers). Nesse período eles ainda se apresentaram na casa Country Rock, no Guará (produção de Solo Beethoven), enquanto Left N Right Rock Band, e no Gate´s Pub, onde Henrique Inácio produziu o show. Ao término dessa fase, Aguas inicia série de gravações de tudo que produzira em 11 anos de rock com Loro e, mais posteriormente, Magu. Aguas afirma que a Banda Rock Brasília lançará sua primeira obra ainda este ano, pois, está em fase de masterização do CD. Esse músico destaca também que a principal função da banda onde defende vocais e guitarra é o resgate do Rock Brasília da atualidade. Promove para tanto o abaixo-assinado do rock, que persegue 10mil assinaturas para serem levadas ao Governador Agnelo Queiroz a fim do mesmo implantar a política pública de revitalização desse estilo que perfaz o único folclore da jovem cidade de Brasília, outrora considerada Capital do Rock. Aguas aponta mais uma vez que o problema de tudo isso é o fato de todos os governadores pós anos 80 terem investido pesado em verbas públicas na mesma velha e repetida história: os anos 80, chamada atualmente de Era de Ouro. E haja ouro nisso, diz Aguas, pois, enquanto meia dúzia de bandas, escritores, cineastas etc. recebem apoios milionários para contar, requentar e recontar a mesma coisa, as bandas que tentam viver do atual rock made in Brasília ficam a ver navios. Aguas considera as apresentações da Rock Brasília verdadeiro manifesto. No próximo Release Especial Magu Cartabranca será o entrevistado.
por Gil Camilo
Segue foto da capa da obra Rock Solidário é Rock Mesmo (citada no texto acima)

E-D Giuliano Manfredini (filho de Renato Russo) e Rogerio Aguas, Marcio Baldone, Carmem e Giuliano Manfredini, Murilo Lima, Loro Jones e Rogerio Aguas.

(Matéria do Jornal de Brasília - 1982 - E D: Rogerio, Ismael, Mário e Sidney)