domingo, 23 de março de 2014

MAGU CARTABRANCA - RELEASE BIOGRÁFICO

Magu Cartabranca é persona mui grata na Capital da República, pois, partiicipou diretamente da cena que projetou Brasília como Capital do Rock, quando integrava nada mais, nada menos que a famigerada Sepultura. Segundo Magu, a razão de ter sido um dos fundadores daquele grupo foi o fato de Brasília ter o tédio como uma de suas características mais marcantes nas décadas de 70-80. E isso é fácil de entender, tendo em vista ter a cidade naquela época apenas vinte e poucos anos. Nesse contexto, Cartabranca uniu-se a Eduardo I, guitarrista da Sepultura (1977) e não teve medo de promover o rock que incomodou a ditadura militar em pleno regime, mesmo tendo como consequência detenções esporádicas e sem fundamentos. As razões que levaram os militares a perseguirem a banda, segundo Magu, deveram-se ao fato da Sepultura valer-se de cenários tenebrosos (velas acesas, cruzes, sonorização de explosões etc.), no melhor estilo Black Sabbath. E quem tem o privilégio de ouvir o primeiro bolachão (LP) do Sepultura e se conhecer de perto as obras do Sabbath, perceberá nitidamente grande influência da banda de Ozzy Osbourne. Para encerrar esse trecho da matéria, Magu cita fato ocorrido em 1979, em uma sexta 13 daquele ano. Naquela ocasião todos da banda foram presos pelos militares, juntamente com fãs do grupo que acompanhavam o ensaio dos músicos (realizados no Centro Educacional 01 do Cruzeiro, cidade satélite de Brasília). Ora, tocar rock não é crime, mas incomodou pra caramba muitos milicos daquela época. E vale lembrar que aquelas prisões eram totalmente ilegais. Ainda nessa fase de transição no final do regime militar, o Sepultura já dividia palcos, shows e ensaios com, dentre outros, Aborto Elétrico (primeira banda de Renato Russo), Plebe Rude, Mel da Terra, Beta Pictóris, Artigo 153 e diversas outras que fizeram parte do cenário do rock da capital nos anos 80. Não poderia deixar de lado os destaques de Renato Russo, após alguns anos desse cenário, quando o líder da Legião Urbana afirmara em várias entrevistas achar o Sepultura uma das bandas mais legítimas que conhecera na capital. Renato era um dos grandes amigos de Cartabranca, antes e depois da fama da Legião. Magu também fez questão de registrar nessa matéria o fato de o tema fúnebre daquela banda que liderava com Eduardo I ter chegado muitas vezes perto demais de seus componentes. Certa feita, segundo Cartabranca, seguiu com o guitarrista do Sepultura para a região do Araguaia, Go, e antes de chegar àquele lugar, o pneu de seu Bugre furou. Os rockers tiveram que parar no acostamento da rodovia, onde passaram a noite. Ao perceber que Eduarto I estava pálido e de olhos arregalados, Magu olhou para o lado e tomou ciência que estava em local onde haviam várias cruzes, devido acidentes com vítimas fatais naquele lugar. O incidente fez os rockers meditarem e orarem até o dia raiar. Fato ocorrido em meados de 1981, ocasião em que Cartabranca compôs Valerá (hit do Sepultura e regravada pela banda Rock Brasília, com novos arranjos de Rogerio Aguas). Contudo, Magu Cartabranca não vivia apenas de rock. Era repórter cinematográfico da TV Globo, onde mantia também contato com o gênero musical que defendia. Esse então repórter cinematográfico prestava serviço no DF, mas foi escalado para cobrir o Rock in Rio. Lá no Rio Magu encontrou Marcelo Bonfá nos bastidores daquele mega show (e zoou com o baterista da Legião Urbana na cidade do rock, com direito a conhecer com Bonfá gringas e musas vips). E não parou por aí. Foi um dos poucos a ter permissão de Brian May, guitarrista, a frequentar o camarim de sua banda, o Queen. E isso na mesma ocasião em que Freddie Mercury mandou os seguranças e promoters do evento a retirar artistas da TV Globo que faziam tietagem no camarim da mega banda inglesa. Ainda no cenário do Rock in Rio, Magu conheceu de perto os integrantes do ACDC. É possível ver Cartabranca e outras pessoas na frente do camarim da banda dos irmãos Young, no You Tube (localize o vídeo digitando Acidente com Scorpions – bastidores do Rock in Rio 1985). Passando esse período, Cartabranca deixa a banda e sua trajetória na carreira de seu rock n roll somente se atualizou quando passou a inserir em seu programa de TV a cabo, O Libertário ( TV Cidade Livre – DF, canal 12) as matérias de cobertura do álbum Rock Solidário é Rock Mesmo, promovido por Rogerio Aguas - que contou com os artistas Giuliano e Carmem Manfredini (filho e irmã de Renato Russo), Murilo Lima e Loro Jones (ex-integrantes do Capital Inicial), Marcio Baldone (gospel) e Alex Podrão (Detrito Federal) , além do próprio Aguas. A partir daí Magu passou de apoiador a integrante do trio ao término daquele trabalho. Produziu assim ao lado de Rogerio Aguas e Loro Jones o curta metragem Cavaleiro do Além, exibido no 44º. Festival de Brasília do Cinema Brasileiro e engatou em seguida os ensaios que levaram o trio à apresentações do grupo Left N Right (shows na Country Rock e Gate´s Pub em 2013, este último promovido por Henrique Inácio). E para concluir, desse cenário saiu a Rock Brasília – The Band, formada por Aguas (vocal e guitarra) e Cartabranca (vocal). Essa banda defende que, mesmo com releases históricos importantes, aqueles que fazem o Rock Brasília na atualidade estão esquecidos da política pública cultural do GDF (Secretaria de Cultura), pois, há anos investe pesado na Era de Ouro do Rock Brasília e bota ouro nisso! Enquanto menos de meia dúzia de bandas fizeram sucesso e foram embora de Brasília nos mesmos anos 80 (radicaram-se em São Paulo e Rio e de lá só voltam profissionalmente ao DF para papar cachets de alto custo e com produções milionárias promovidas pela Secretaria de Cultura do DF), os rockers contemporâneos da capital ficam a ver navios. Em outras palavras, os músicos que fazem o Rock Brasília se ferram nesse contexto e são menosprezados por essa política pública viciada. Sempre importante lembrar que a banda Rock Brasília promove o abaixo assinado do rock, onde 10mil assinaturas estão na meta do grupo para serem apresentadas ao Governador Agnelo Queiroz a fim de que possa se tornar, caso queira, o primeiro a virar a mesa e fazer essa história dos anos 80 virar museu, ao mesmo tempo em que passe a fazer política cultural que tenha sentido e seja honesta. Caso contrário, Agnelo terminará o governo fazendo parte do time que manteve essa vergonha do vício na política cultural do DF que trata do Rock Brasília, na fileira onde se encontram os governadores anteriores, Roriz, Arruda, Rosso e Maria Abadia. Nos próximos releases o baixista da Rock Brasília será visitado. Por Gil Camilo

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