
É isso mesmo! Ninguém menos que Dagoberto, do Trapos e Farrapos, caiu na net! Pesquisadores e historiadores da cultura do DF, dentre eles Mário Pazcheco, não deixaram Dagoberto de fora de suas potentes parabólicas que tudo registram. Todavia, faltavam fotos e videos da figuraça do Dagoberto. E o blog da banda Rock Brasília supriu esssa lacuna. Esse grande artista do rock n roll era na verdade Adalberto Alves da Costa, foi morador da QE 15 do Guará II - DF, onde fez do quintal da casa de sua mãe, dona Jandira, local de ensaio do trio que montou com os vizinhos de quadra Cléber Carvalho (baixo) e Rogerio Aguas (guitarra). Como nenhuma família é de ferro, dona Jandira exigiu logo que o trio arrumasse outro espaço para os garotos dividirem a barulheira e foi por isso que a garagem da casa de Rogerio foi logo disponibilizada para ensaios que fizeram, inclusive, um dos vizinhos vender a casa e picar a mula para se livrar da zoeira do que veio a ser chamada de Banda Calypsu, em 1981! Isso mesmo, Calypsu com U no final. Pena que não registraram essa marca para infelicidade deles e alegria da banda baiana que se livrou de indenizações por conta do nome Calypso anos mais tarde. Entretanto, a inspiração da banda daqueles garotos do rock n roll não foi devida ao ritmo Calypso, mas uma homenagem que o trio fez ao biólogo Jacques Cousteau, que batizou seu navio de pesquisas sub-marinas de Calypso. Cousteau inaugurou a era do showbiz na TV com imagens da vida submarina. E após essa formação, Cléber Carvalho deixava a banda por exigências de estudos e trabalho. Para substituir Cléber Edvaldo Galo (do Artigo 153) foi logo convocado por Adalberto. Com a chegada do francesinho de Renato Russo (Renato chamava Edvaldo assim por que o músico mantinha os então cabelos loiros cortados à francesa quando acompanhava Célia Porto e Cássia Eller em free lances), Rogerio Aguas teve que ir para os baixos, porque Edvaldo além de baixista mandava muito na guitarra e sabia mais música que Aguas e Adal juntos! Todavia, os dois refratários musicais tiveram que correr atrás e passaram a estudar e praticar muito para dar conta de acompanhar os arranjos que Edvaldo fazia. O Calypsu de Brasília, contudo, não velejaria por muito tempo. E isto não o impediu de deixar o legado de seu respeitado repertório: Nobody Spear, Nas Guerras Violentas, Quem tem Mão, O Que Está Acontecendo?, Freddy Krueger no Congresso, Hoje Acordei Bem Cedo e Abaixo a Poluição. O trio se dissolveu quando Rogerio Aguas foi para o Gospel, onde anos mais tarde chegaria a tocar na famigerada banda do gênero, Livre Arbítrio; e Edvaldo teve que sair para dedicar-se ao Artigo 153 e os free-lances de
responsa que exigiam tempo integral desse grande músico. Adalberto não ficou pra trás. Tratou logo de formar o Trapos e Farrapos, banda onde Miro Ferraz defendia furiosa guitarra solo e Adal os vorazes vocais. Foi nessa época que Adalberto casou-se com sua parceira e importante agenciadora, Sra. Branca, que mesmo tendo de cuidar das duas então pequenas filhas do casal, Keily e Kély, não deixava seu marido e artista desamparado. Branca também foi responsável por inserir novo codinome ao músico, que a partir dali também era conhecido por Adal. O Trapos apresentou-se em diversos palcos de Brasília e gravou uma demo de qualidade no Zen Studio. Isto garantiu apresentação do grupo no programa do Raul Gil. O apresentador e sua audiência ficaram impressionados com a performance e as letras de Adalberto, que a essa altura já tinha mudado o nome artístico para Dago Revy e em algumas ocasiões Ravengar (codinome cunhado por Carlão, irmão de Rogerio). A performance no programa do Raul Gil valeu ao Trapos convite para gravar o que seria o primeiro álbum da banda. Porém, Dago Revy teve sua promissora carreira interrompida por problema sério de saúde que veio a ceifar sua própria existência ainda muito jovem. Adalberto Alves da Costa foi parceiro de Aguas e Baldone na track Freddy Krueger no Congresso, na voz de Alexandre Podrão (Detrito Federal), gravada no álbum Rock Solidário é Rock Mesmo (onde também gravaram Murilo Lima, Loro Jones, Giuliano e Carmem Manfredini). E nesse diapasão a banda Rock Brasília tira o chapéu para esse grande artísta que deixou sua marca na história cult do DF. E para terminar lembramos que a afinadíssima parabólica de Mário Pazcheco não poderia deixar de registrar o nome de Dagoberto na recente e celebrada obra 10.000 mil Dias de Rock. O video da performance de Adal e sua Trapos e Farrapos será postado o mais breve possível. Por
Magu Cartabranca